quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

LILIAN IERVOLINO, JARDIM CRUZEIRO




Garimpando na net, despretenciosamente, encontrei um artigo de um colega de adolescência, do bairro, publicado em 2008 no sítio da "NOSSOS BAIRROS, NOSSAS VIDAS / MEU BAIRRO INESQUECÍVEL".

Trata-se do Josué. Tentei contato pelo e-mail citado no mesmo mas não consegui retorno; estou reproduzindo pois consta como público no link:
http://www.saopaulominhacidade.com.br/historia/ver/1764/Meu%2Bbairro%2Binesquecivel

"Quando menino, lá pela década de 1970, eu morava no bairro do Jardim Cruzeiro próximo aos bairros da Cidade Dutra e Rio Bonito. Costumo dizer que tive a melhor infância que uma criança pode ter, pois morar neste bairro foi inesquecível. As ruas ainda eram de terra, os postes eram feitos de madeira de árvores, casas simples, e à noite a luz quase não nos deixava enxergar quem passava.

À noite saíamos para brincar na rua, aquelas brincadeiras que todos os moleques adoram fazer a noite, como pega-pega, esconde-esconde, polícia e ladrão entre outras. Na época de inverno acendíamos fogueiras e ficávamos em volta conversando, e vez em quando assávamos batatas e comíamos, para passar o tempo. Quando chegavam as Festas Juninas, organizávamos a quermesse da Rua 8, hoje Rua Lilian Iervolino, nome que, aliás, não sei porque foi dado. Era uma festa e tanto, todos participavam com doações, passávamos de porta em porta e arrecadávamos de tudo. Tinha um terreninho lá, onde armávamos as barracas. Eu lembro que este terreno dava passagem da Rua 8 para a Rua 9.

Me lembro de meus amigos, que, como eu, devem ter boas lembranças. Tenho fotos de alguns, outros eu guardo apenas na lembrança, na mente. Quando mudei para lá, lembro que tinha o Grin e sua formidável tia, o Marcelo (meu vizinho e filho do proprietário da casa onde morei), o Luiz Antônio, riquinho da rua, o Edson Negão e o Eduardo. Depois mudaram outros meninos, o Dinho, um dos meus melhores amigos e sua irmã já adolescente, Telma, o Roberto Coxinha e seus irmãos, o James e o inesquecível Edinho, que morreu de caxumba e deixou muita saudade entre nós.

Nas outras ruas também tinha vários amigos, como o Cícero (apelido comum era Aspirina), o seu irmão Heleno (o famoso Tasé), o Marquinhos e os seus irmãos Doro e Paulo.

Temos muitas histórias neste bairro, dos jogos de bolinha de gude, pinhão, futebol na rua, bafo nas figurinhas à deliciosa época de pipas, das pescarias com meu pai, e caçadas de rã na escuridão da represa do Guarapiranga, que, aliás, na época era um oásis a beira da Avenida Atlântica, hoje Avenida Robert Kennedy. Nos embrenhávamos pela mata da represa, pescávamos, caçávamos, recolhíamos bambu para fazer pipas, e o mais gostoso de tudo, nadávamos no paredão da antiga Marina do Clube Santa Paula, que ainda hoje esta lá, tal como um esqueleto remanescente deste passado inesquecível.

Os amigos do colégio Beatriz Lopes, na Cidade Dutra, são um capítulo a parte. Muitos deles estudaram comigo deste quando este colégio era uma simples construção de madeira beirando à hoje Teotônio Vilela, atrás de um cinema na Cidade Dutra. Não recordo bem o ano, mas talvez em 1971 ou 1972, mudamos para o local onde está hoje.

A passagem da fase de criança para a pré-adolescência, marcada pelas descobertas, pelos amores juvenis, e aí entra a lembrança das meninas, das namoradinhas, dos bailinhos em casa forrados com lona e luz azul, uma época ingênua e maravilhosa que marcou nossos corações, nos fez crescer, virar homens, e sermos o que somos hoje."

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